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Nova Ordem, Organização ou Igreja

janeiro 7, 2017

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Shimon Peres propôs “ONU das religiões”

O ex-presidente israelense e falecido recentemente Shimon Peres apresentou a ideia ao papa Francisco, em visita ao Vaticano em 2014.

Uma nova organização ajudaria a reduzir conflitos em nome da religião?

Por MARINA RIBEIRO
04/09/2014 – 19h00 – Atualizado 04/09/2014 19h00

Ataques terroristas, assassinatos de minorias e conversões forçadas. Para o ex-presidente Shimon Peres uma das possíveis soluções para os conflitos religiosos que o mundo vive hoje seria criar a Organização das Religiões Unidas, uma espécie de ONU (Organização das Nações Unidas) religiosa.

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A ideia foi apresentada nesta quinta-feira (4) em uma audiência com o papa Francisco no Vaticano. “A Organização das Nações Unidas teve seu tempo e, agora, o que vejo é uma ONU das religiões, uma Organização das Religiões Unidas. Seria a melhor maneira para acabar com o terrorismo que mata em nome da fé, já que a maioria das pessoas pratica suas religiões sem matar ninguém”, afirmou em entrevista à revista Famiglia Cristiana, antes do encontro com o pontífice.

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Aos 91 anos, o ex-líder de Israel afirmou que a ONU é “um organismo político, mas que não tem a mesma convicção vinculada às religiões”. Segundo ele, qualquer declaração de seu secretário-geral, Ban Ki-moon, “não tem a mesma força e nem a eficácia de uma homilia do papa, que reúne mais de 500 mil pessoas na Praça de São Pedro”.

Burocracia x Diálogo

O professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Fernando Altemeyer discorda. Na visão dele, uma estrutura assim poderia criar ainda mais burocracia e não gerar ganhos reais.

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Ele lista algumas instituições que já existem com o objetivo de gerar o diálogo entre diferentes religiões como o Conselho Mundial de Igrejas, a URI (United Religions Initiative) e mesmo o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, que atua dentro da Igreja Católica para este fim.

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“Não tem nada que impeça a criação de uma nova instituição, mas tenho medo que se torne mais um instrumento de burocracia ineficiente. Basta que as instituições que já existem dialoguem”, afirmou o especialista. Segundo ele, a posição de dialogar tem sido adotada pelos últimos papas.

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Altemeyer ainda afirma que é pouco provável que papa Francisco queira se colocar em tamanho papel de destaque, o que poderia ser interpretado como arrogância. “A Igreja não quer estar acima da ONU, isso é uma bobagem, tanto que participa como observadora, mesmo tendo direito a estar lá por causa do Estado do Vaticano”, diz.

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Em última instância, ele afirma que uma nova instituição religiosa também não teria autoridade em grupos extremistas. “Boko Haram, Al-Qaeda e o novo Estado Islâmico são grupos oportunistas que não ouvem nem os líderes de suas religiões, eles têm interesses econômicos e políticos que nada tem a ver com a religião ou seus livros sagrados, estes são só um pretexto.”

Vaticano

Em entrevista à rádio do Vaticano, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi confirmou que o papa ouviu as ideias de Peres na reunião que durou 45 minutos, mas não disse nada específico sobre o projeto. “O Santo Padre ouviu tudo atentamente e garantiu a ele a atenção dos dicastérios vaticanos empenhados neste campo, sobretudo o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e o Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz.”

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Segundo Lombardi, o pontífice fez questão de reiterar que a iniciativa de oração pela paz que reuniu Peres e Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, nos jardins do Vaticano em junho não foi um fracasso, pois permitiu que uma abertura de diálogo fosse criada.

Fonte: – Epoca o Globo